terça-feira, 18 de outubro de 2016

Dia do Médico

18 de outubro, dia do médico.
Recebi várias felicitações vindas de todos os lugares e absolutamente todas me deixaram feliz da vida: de colegas de profissão, de trabalho, de pacientes, família...



Mas hoje quem tem a agradecer sou eu e por muitas coisas que vêm acontecendo ao longo desses quase 30 anos. É, quase 30 anos... Entrei na faculdade com 18, é só fazer as continhas. Quer dizer, não precisam fazer continha nenhuma, é só acreditar em mim,ok?

Tenho que agradecer aos meus pais, a minha família, aos professores tanto da faculdade como de plantões que foram me ensinando o ofício que é a minha vida.

Preciso, precisamente hoje, agradecer ao Centro de Saúde Ermelinda, de Belo Horizonte. A cada um dos meus colegas: médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos; administrativos, à Florzinha que limpa os consultórios e faz um café pra lá de cheiroso... Todos!! Essas pessoas renovaram em mim a fé no SUS, a fé em um serviço público onde o sempre dá prá fazer o melhor, buscar o melhor e tentar todos os dias cavucar dentro da gente prá encontrar o nosso melhor e sabem por que? Prá estar a altura dessas pessoas, pra merecer fazer parte dessa equipe.

                                                   Presentinho da equipe do CS Ermelinda

Andei perdida e desanimada por muito tempo, praticando a Medicina e me perguntando se era isso mesmo, se era "só isso"... Se iria ficar na dependencia do (mau) humor de alguém , da agenda entupida de nada, da falta de resolutividade, dos trâmites do SUS, da falta de vagas do nível secundário. Se iria ficar vendo meus pacientes em filas sem tamanho e sem esperança. Pensei em mudar, em parar, em desistir tantas vezes que nem sei contar. Mas sempre me dava conta que não sabia fazer mais nada. E fui ficando.

Esse ano fui transferida, depois de esperar por mais de 6 meses, para o Centro de Saúde Ermelinda. Redescobri o prazer em trabalhar em equipe. Um lugar onde cada um tem seu papel, desempenha o seu dever, busca o melhor dentro do possível e muitas vezes do impossível.

Nunca duvidei do poder de um sorriso, da gratidão, da sensação de fazer seu dever. Nunca desprezei um "Obrigado, doutora!", de onde quer que ele viesse e muitas vezes esses sorrisos e esses obrigados me empurraram adiante. Ainda bem. Consegui reformular minha fala e voltar a perguntar "O que eu posso fazer por você?"


Obrigada mil vezes, equipe Ermelinda!!!

Mais do que nunca preciso agradecer à Renata, que assim como eu é médica, que assim como eu é pediatra... Mas quem sou eu prá ser um tiquinho da sombra dessa mulher. Obrigada, meu amor! Por absolutamente tudo: por me acolher, por me fazer sentir mais que um número de matrícula, por estar ao meu lado e segurar minha mão em momentos tão difíceis. Obrigada por ser minha amiga e me dar a oportunidade de conviver com pessoas  tão bacanas.

Nunca foi por dinheiro.

Nunca foi por status.

Nunca foi pra ser melhor que ninguém.

Depois de muito negar, só posso concluir que sempre foi por amor.


Lela.

Leia também: 1- Reavaliando conceitos
                       2- Maria de Lourdes
                       3- E o que você fez?



domingo, 2 de outubro de 2016

Reavaliando conceitos

Primeira parte: transcrição de definições encontradas no Google.
Vamos lá:

Empatia: Substantivo feminino
                1- faculdade de compreender emocionalmente um objeto (p ex: um quadro);
                2- capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que impregnado dela;
                3- capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer; de aprender do modo como ela aprende.
                     Psic: Processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro.
                     Soc: forma de cognição do eu social mediante 3 aptidões; para se ver do ponto de vista de outrem; para ver os outros do ponto de vista de outrem; ou para ver os outros do ponto de vista deles mesmos.

Leram?

Segunda parte.
E para esse singelo substantivo feminino, são tantos ! Mas, vamos...

Simpatia: 1- afinidade moral, similitude no pensar e no sentir que aproxima duas ou mais pessoas;
                  2- relação entre pessoas que, tendo afinidades, se sentem espontaneamente atraídas entre si
                  3- impressão agradável, disposição favorável que se experimenta em relação a alguém que pouco se conhece;
                  4- estado afetivo, próximo ao amor.

E por aí vai.

Grifei as partes que mais gosto e me identifico; e isso tudo foi parte de uma reflexão minha. Coisas que venho ruminando há tempos.
Simpática? Empática? Isso é ser bobo, inocente, babaca? Isso é ser o que, afinal de contas?

Eu não sou simpática a todos, meu santo não bate com todo mundo e, infelizmente, isso fica claro na maioria das vezes. O revirar de olhos é instantâneo e o virar o rosto e bufar idem.
Trato mal? Não.
Sou grosseira? Acho que não.
Sou direta e às vezes isso pode ser confundido com grosseria, mas não é intencional.



A Medicina está diretamente ligada ao ouvir, ao saber ouvir. E a pensar para responder também. Uma resposta mal dada pode gerar mal entendidos, desenganos ,desconfianças... Então saber ouvir e pensar pra responder são aprimorados na faculdade e essas coisas são levadas para a vida, para a família e para os amigos.
Ter empatia também. Determinadas notícias não fáceis de serem ouvidas e menos ainda de serem dadas, podem acreditar. E por isso, a empatia entra em cena.É incrível ,mas podemos aprender a ter empatia, mas o coração tem que estar aberto e a alma limpa.

E por isso não entendo certas atitudes, muitas vezes gratuitas.
O mundo já tem tanta desgraça, tanta coisa errada e pessoas ainda destratam as outras gratuitamente e com a inocente desculpa de que "sou assim" ou "é o meu jeiro"...Que é isso? Onde está a boa e velha educação que a mamãe deu e que vai além do por favor, dá licença, obrigada e desculpe? Onde estão os conceitos aprimorados em escolas caras sobre respeitar os coleguinhas, esperar a vez de falar. Não sei, acho que ficaram soterrados com o que hoje é conhecido como sinceridade, franqueza; e muitas vezes sarcasmo e deboche
Mas acho feio. Sério que acho.
O tal do super sincero não me representa. A franqueza e o doa a quem doer também não.
Sei ser debochada e sarcástica, mas minha consciencia dói tanto depois que estou tentando aposentar essa Lelinha...
Talvez isso seja a tal da empatia atuando. Entender que ninguém é obrigado a saber nada, que não nasceu sabendo, muito menos eu.



Prefiro ficar quieta a caçar briga . Não brigo por causa de política, por causa de futebol ou por causa da cor favorita de ninguém. Acho que cada um tem direito de escolher o que acha melhor pra sua vida, mas levando em conta sempre o direito do outro; afinal de contas, dizem por aí que vivemos em sociedade.
Tem um ditado velho que diz: Ando preferindo ser feliz do que razão. Não preciso ter razão sempre , mas quero ser feliz todas as horas e isso, pelo menos prá mim, está diretamente ligado ao fato de deitar minha cabeça no travesseiro e ter a certeza que fiz o meu melhor, onde quer que tenha ido e o que quer que tenha feito.
Tenho muito que caminhar e que aprender. Busco realmente ser uma pessoa melhor e não sentar no meu deboche, deixando que ele se aposse de mim


Saudades de todos!
Beijos,

Lela.


Leia também:
1- E o que você fez?
2- Eu não sou legal