domingo, 9 de fevereiro de 2014

Lembranças das férias

Minhas férias sempre foram em Estrela Dalva. Verões, invernos, feriados maiores (às vezes menores também), passados na Casa Azul (que não é azul) com a família ou com a vovó apenas.
Era uma curriola de gente de várias cidades diferentes que se reunia nas férias e fazia da cidade sua morada, como inquilinos de avós, tios, padrinhos e dos próprios pais mesmo.
Tenho lembranças maravilhosas de passeios, amigos, brincadeiras...
Do vôlei na rua da igreja, dos piques no jardim, dos boizinhos de oitis...
Dos papos sobre nada e coisa nenhuma tardes inteiras num banco da praça...
Lanches na varanda da casa da Juliana...
Manteiga de nata no lanche da casa da vovó.
Bolinhos de terra no quintal para o lanche das bonecas.
Pique esconde. Amarelinha.
Chicotinho queimado.
4 cantos. Gurunfo. Salada mista...


Fugir do s bois soltos descendo para o matadouro. Andar de carro de boi, de charrete, de bicicleta.
Subir nas goiabeiras no quintal. Dar cambalhotas.
Passar anel.
Nos dias de chuva, brincar dentro de casa de fazer rimas e de "o que é o que é"...
Contar casos de assombração e morrer de medo de assombração na hora de dormir.
Acreditar solenemente que o vizinho virava lobisomem e que esse era só um dos perigos da Quaresma.
Ganhar picolé de creme holandês e milho verde dos donos das vendas quando faltava luz, já que eles iam perder tudo mesmo.
Falar no telefone do posto telefônico em ligações feitas via telefonista de Estrela para Leopoldina e depois para onde quer que fosse ( no meu caso era "bilhete pro Rio"), num telefone a manivela.
Ficar sem luz em Estrela Dalva era, e é até hoje, um caso a parte. Era tão escuro, mas tão escuro que a gente arregalava o olho e a vista não acostumava. Breu total! E quando tinha relâmpago então? Aquela luz esbranquiçada do raio só servia prá piorar a situação. Aí todos os casos de procissão das almas voltavam fresquinhas na cabeça; e como é que dormia?? Não dormia...
Fora o barulho dos bichinhos, sapos, cigarras, grilos...
Sempre tinha um amigo mais medroso que morava mais longe, na rua mais escura.
Sempre tinha uma amiga que a mãe aparecia de penhoar na rua prá chamar.
Sempre tinha um pai que dava umas incertas.
Sempre tinha piadas até tarde.
Tinha tudo...Tinha vida!!
Escrevendo assim parece que foi no século passado. Realmente foi...Mas nem tem tanto tempo assim; tem menos de 30 anos.
Presenciei esse ano a diversão dos meus filhos, principalmente da Ana, durante as férias e vi que prá eles foi de verdade. Piscina, brincadeiras na rua, confusões, brigas, aqueles te amo e te odeio de colegas de rua. Foi bom ter visto isso...
Deu saudades...


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