quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Escreve o que quiser,mas não mata o Português...

Estou há tempos para falar desse assunto,mas confesso que faltava coragem.
Não sou o Professor Pasquale que sabe absolutamente tudo sobre a Língua Portuguesa, mas acho que não faço feio.


Na época do Metropolitano, meus colegas e eu tivemos excelentes professores, verdadeiros mestres, que nos ensinaram a usar um dicionário, a ter curiosidade a respeito de novas palavras, a interpretar o que líamos, a arte do reconto em frente à turma e a escrever.
Não, não era um mar de rosas. Era um martírio ler um livro por mês e num dia determinado ter que estar munido de caneta vermelha e régua para sublinhar as palavras que o Professor Xavier determinava, página por página. Sem régua, não dava, porque ele não deixava. Feito isso, tinha um dia para apresentar as tais palavrinhas ( eram muitas) e ele corrigia. Passava olhando todos os cadernos de todos os 50 colegas da querida turma 50. Lembram disso?
E apresentar a história sob a nossa ótica na frente dele e da turma, no lugar que ele determinava e tendo que fazer gestos para recontar a história? Detalhe que ele incentivava os gestos e até dava uma ajudazinha ao mais "durinhos"...
Toda sexta tinha redação feita no papel almaço e tinha que ter ilustração. O rascunho era corrigido e devolvido para nós. A redação, hoje chamada pomposamente produção de texto, era passada a limpo no Caderno Silhueta, o Caderno Nobre de Redação.
Isso tudo na quinta série, atual sexto ano.
Passado isso, tivemos ainda D. Neyde, Maria Célia, Paulo Roberto, Sepúlveda, Luís...
A língua portuguesa era ensinada, cobrada, exaustivamente treinada. Eram muitos exercícios para que aprendêssemos se as orações eram  coordenadas ou subordinadas; se o objeto era direto ou direto; se o verbo era transitivo ou de ligação. Conjugações verbais já tinham sido aprendidas antes, com a tia Cleide, então não era problema. Escrevíamos cartas, bilhetes... Aprendemos sobre os autores realistas, românticos, modernos, sobre Suspiros Poéticos e Saudades, Navio Negreiro, Lima Barreto, os irmãos Andrade... Nesse ponto já éramos mais velhos, e as coisas só apertavam...
Meus coleguinhas metropolitânicos escrevem muito bem, alguns desde sempre. Têm o dom, lógico, mas este foi lapidado por todos esses professores brilhantes, pela leitura, pelo estudo.
Escrevi isso tudo para dizer que quase morro ao ler determinadas coisas na internet de pseudo-formadores de opinião. Erros ortográficos grosseiros, concordâncias não concordantes e tudo de pior. Deixei de seguir uma criatura no Instagram que convidava para o lançamento de sua coleção de "bolças" e dizendo que as clientes estavam "rochas" (cor) de tanta "anciedade". Morri um pouco ao ler isso, porque foi tudo na mesma postagem. Pelo amor de Deus!!! Ninguém é obrigado a saber, mas vai procurar um dicionário, filha!!!


Na época da faculdade, quando estudava para prova através de apostilas de aulas gravadas, às vezes encontrava um "hambiente" ou "humidade" ou ainda "auterações" na transcrição e essas coisas me deixavam louca!
A geração internet também me enlouquece com a escrita. É tudo abreviado, americanizado e muitas vezes errado (falado e escrito) e essa reforma ortográfica dificultou ainda mais as coisas, pelo menos para mim. Tem acento?? Não tem? A questão resolvida foi a do/a trema. Acabou, com a graça do Senhor.
Cada vez que um dos meus manda mal, eu só olho; e pela minha cara eles sabem, antes que saia um som da minha boca, que eles assassinaram um pouco o Português...
Volto a dizer, quem sou eu para ficar falando,mas certas pessoas deveriam ganhar dicionário de presente de aniversário, Natal, Páscoa, Dia do Amigo, dos Namorados, das Mães, etc... Um Aurélio para determinadas pessoas viria bem a calhar...

Santo Metropolitano!!
Um beijo, queridos professores, onde quer que estejam,

Lela.


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