terça-feira, 18 de outubro de 2016

Dia do Médico

18 de outubro, dia do médico.
Recebi várias felicitações vindas de todos os lugares e absolutamente todas me deixaram feliz da vida: de colegas de profissão, de trabalho, de pacientes, família...



Mas hoje quem tem a agradecer sou eu e por muitas coisas que vêm acontecendo ao longo desses quase 30 anos. É, quase 30 anos... Entrei na faculdade com 18, é só fazer as continhas. Quer dizer, não precisam fazer continha nenhuma, é só acreditar em mim,ok?

Tenho que agradecer aos meus pais, a minha família, aos professores tanto da faculdade como de plantões que foram me ensinando o ofício que é a minha vida.

Preciso, precisamente hoje, agradecer ao Centro de Saúde Ermelinda, de Belo Horizonte. A cada um dos meus colegas: médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos; administrativos, à Florzinha que limpa os consultórios e faz um café pra lá de cheiroso... Todos!! Essas pessoas renovaram em mim a fé no SUS, a fé em um serviço público onde o sempre dá prá fazer o melhor, buscar o melhor e tentar todos os dias cavucar dentro da gente prá encontrar o nosso melhor e sabem por que? Prá estar a altura dessas pessoas, pra merecer fazer parte dessa equipe.

                                                   Presentinho da equipe do CS Ermelinda

Andei perdida e desanimada por muito tempo, praticando a Medicina e me perguntando se era isso mesmo, se era "só isso"... Se iria ficar na dependencia do (mau) humor de alguém , da agenda entupida de nada, da falta de resolutividade, dos trâmites do SUS, da falta de vagas do nível secundário. Se iria ficar vendo meus pacientes em filas sem tamanho e sem esperança. Pensei em mudar, em parar, em desistir tantas vezes que nem sei contar. Mas sempre me dava conta que não sabia fazer mais nada. E fui ficando.

Esse ano fui transferida, depois de esperar por mais de 6 meses, para o Centro de Saúde Ermelinda. Redescobri o prazer em trabalhar em equipe. Um lugar onde cada um tem seu papel, desempenha o seu dever, busca o melhor dentro do possível e muitas vezes do impossível.

Nunca duvidei do poder de um sorriso, da gratidão, da sensação de fazer seu dever. Nunca desprezei um "Obrigado, doutora!", de onde quer que ele viesse e muitas vezes esses sorrisos e esses obrigados me empurraram adiante. Ainda bem. Consegui reformular minha fala e voltar a perguntar "O que eu posso fazer por você?"


Obrigada mil vezes, equipe Ermelinda!!!

Mais do que nunca preciso agradecer à Renata, que assim como eu é médica, que assim como eu é pediatra... Mas quem sou eu prá ser um tiquinho da sombra dessa mulher. Obrigada, meu amor! Por absolutamente tudo: por me acolher, por me fazer sentir mais que um número de matrícula, por estar ao meu lado e segurar minha mão em momentos tão difíceis. Obrigada por ser minha amiga e me dar a oportunidade de conviver com pessoas  tão bacanas.

Nunca foi por dinheiro.

Nunca foi por status.

Nunca foi pra ser melhor que ninguém.

Depois de muito negar, só posso concluir que sempre foi por amor.


Lela.

Leia também: 1- Reavaliando conceitos
                       2- Maria de Lourdes
                       3- E o que você fez?



domingo, 2 de outubro de 2016

Reavaliando conceitos

Primeira parte: transcrição de definições encontradas no Google.
Vamos lá:

Empatia: Substantivo feminino
                1- faculdade de compreender emocionalmente um objeto (p ex: um quadro);
                2- capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que impregnado dela;
                3- capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer; de aprender do modo como ela aprende.
                     Psic: Processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro.
                     Soc: forma de cognição do eu social mediante 3 aptidões; para se ver do ponto de vista de outrem; para ver os outros do ponto de vista de outrem; ou para ver os outros do ponto de vista deles mesmos.

Leram?

Segunda parte.
E para esse singelo substantivo feminino, são tantos ! Mas, vamos...

Simpatia: 1- afinidade moral, similitude no pensar e no sentir que aproxima duas ou mais pessoas;
                  2- relação entre pessoas que, tendo afinidades, se sentem espontaneamente atraídas entre si
                  3- impressão agradável, disposição favorável que se experimenta em relação a alguém que pouco se conhece;
                  4- estado afetivo, próximo ao amor.

E por aí vai.

Grifei as partes que mais gosto e me identifico; e isso tudo foi parte de uma reflexão minha. Coisas que venho ruminando há tempos.
Simpática? Empática? Isso é ser bobo, inocente, babaca? Isso é ser o que, afinal de contas?

Eu não sou simpática a todos, meu santo não bate com todo mundo e, infelizmente, isso fica claro na maioria das vezes. O revirar de olhos é instantâneo e o virar o rosto e bufar idem.
Trato mal? Não.
Sou grosseira? Acho que não.
Sou direta e às vezes isso pode ser confundido com grosseria, mas não é intencional.



A Medicina está diretamente ligada ao ouvir, ao saber ouvir. E a pensar para responder também. Uma resposta mal dada pode gerar mal entendidos, desenganos ,desconfianças... Então saber ouvir e pensar pra responder são aprimorados na faculdade e essas coisas são levadas para a vida, para a família e para os amigos.
Ter empatia também. Determinadas notícias não fáceis de serem ouvidas e menos ainda de serem dadas, podem acreditar. E por isso, a empatia entra em cena.É incrível ,mas podemos aprender a ter empatia, mas o coração tem que estar aberto e a alma limpa.

E por isso não entendo certas atitudes, muitas vezes gratuitas.
O mundo já tem tanta desgraça, tanta coisa errada e pessoas ainda destratam as outras gratuitamente e com a inocente desculpa de que "sou assim" ou "é o meu jeiro"...Que é isso? Onde está a boa e velha educação que a mamãe deu e que vai além do por favor, dá licença, obrigada e desculpe? Onde estão os conceitos aprimorados em escolas caras sobre respeitar os coleguinhas, esperar a vez de falar. Não sei, acho que ficaram soterrados com o que hoje é conhecido como sinceridade, franqueza; e muitas vezes sarcasmo e deboche
Mas acho feio. Sério que acho.
O tal do super sincero não me representa. A franqueza e o doa a quem doer também não.
Sei ser debochada e sarcástica, mas minha consciencia dói tanto depois que estou tentando aposentar essa Lelinha...
Talvez isso seja a tal da empatia atuando. Entender que ninguém é obrigado a saber nada, que não nasceu sabendo, muito menos eu.



Prefiro ficar quieta a caçar briga . Não brigo por causa de política, por causa de futebol ou por causa da cor favorita de ninguém. Acho que cada um tem direito de escolher o que acha melhor pra sua vida, mas levando em conta sempre o direito do outro; afinal de contas, dizem por aí que vivemos em sociedade.
Tem um ditado velho que diz: Ando preferindo ser feliz do que razão. Não preciso ter razão sempre , mas quero ser feliz todas as horas e isso, pelo menos prá mim, está diretamente ligado ao fato de deitar minha cabeça no travesseiro e ter a certeza que fiz o meu melhor, onde quer que tenha ido e o que quer que tenha feito.
Tenho muito que caminhar e que aprender. Busco realmente ser uma pessoa melhor e não sentar no meu deboche, deixando que ele se aposse de mim


Saudades de todos!
Beijos,

Lela.


Leia também:
1- E o que você fez?
2- Eu não sou legal

terça-feira, 8 de março de 2016

Girassol

Disparado a minha flor favorita. E quem fala é a doida que não gosta de amarelo.
Alegram a casa, dão vida a qualquer cantinho sem graça.
Acompanham o Sol, como todo mundo deveria fazer, seguir a Luz.
Por mim teria girassóis em casa todos os dias da semana, em todas as horas do dia.
Sonho em correr em campos floridos, rodar por entre canteiros.
Sabe que não sei se eles têm perfume... Será que têm? Nem precisava ter, a beleza, a quentura, a alegria, fazem que com que um cheirinho seja dispensável.
Adoro!!!


Não que não goste das outras, mas um girassol vale por um buquê de rosas, pelo menos prá mim.
O girassol pode significar felicidade, altivez; e as pétalas amarelas simbolizam calor, lealdade, vitalidade, tudo que realmente o Sol representa. Tudo o que quero ter, felicidade principalmente.
Várias crenças populares acompanham minha flor predileta: oferecê-la a alguém que iniciou um negócio é desejar sucesso; quem tiver onze girassóis na Espanha tem a sorte ao seu lado; na Hungria, se sementes de girassol forem colocadas na casa de uma grávida, o bebê será homem (e o Y do papai não tem nada com isso, tá?).


É também um símbolo da Páscoa, embora menos conhecido
Existe uma lenda na mitologia grega também sobre a origem do girassol: uma ninfa apaixonada por Hélio (o Deus-Sol), foi preterida por ele e começou a enfraquecer, a se alimentar de suas próprias lágrimas. Enquanto o Sol estava no céu, ela olhava para ele insistentemente, sem desviar o olhar, e à noite olhava para o chão e continuava a chorar; com o passar do tempo seus pés viraram raízes e sua face uma flor que seguia o Sol. Lindo, né? E esses deuses gregos, sempre levianos... Nunca se apaixonem por um deus grego, por favor!! Sabe lá por quem eles vão trocar você!!!





 "Há flores por todos os lados, há flores em tudo que eu vejo..."

Beijos!
Lela.


Leia também: Irmãos
                       Oi!! Há quanto tempo!! Lembra de mim?
                       Fotografia 3. Detalhes...

Fotos: Printerest.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Aperto no Coração

Toda vez que leio, ou vejo algo sobre a II Guerra Mundial e o Holocausto fico com o coração apertado. Mesmo antes de saber que a família do meu avô paterno era judia e que ele rompeu com ela para casar com minha avó, numa época em que isso quase nunca acontecia.

Mamãe contava que um dia me pegou chorando na frente da TV aos 5 anos. Estava vendo um especial sobre o Holocausto e desatei a chorar. Claro que isso não era coisa de uma menina pequena ver, mas eu vi. Aqueles trens entupidos de pessoas magras, com olhos esbugalhados de medo e fome; uniformes, cães, armas.
Mamãe tentou me consolar da forma mais simples possível, dizendo que aquelas coisas não aconteceriam mais; que o mundo havia mudado desde então; que depois da Guerra foi criada a ONU e que ela se encarregava de "tomar conta" para que os países não brigassem mais. Foi surpreendida por uma pergunta inocente: Por que então estava acontecendo a guerrilha na Nicarágua em que tantas pessoas estavam morrendo? Acho que depois disso ela deixou que eu chorasse, porque não havia resposta à pergunta que fiz.

Mas voltando ao programa de TV. Vi sem entender, mas aquilo me fez muito mal, porque percebi logo que não era bom. Um desconforto muito grande, uma angústia são os sentimentos que me acompanham quando o assunto é esse.


Não consegui terminar de ver "A Escolha de Sofia". Não consigo imaginar ter que escolher entre um dos meus filhos; não consigo imaginar que tenha existido alguém tão cruel a ponto de se divertir propondo tal questão a uma mãe.
Levei mais de 3 anos para ler "O Diário de Anne Frank". Começava e parava quase sempre no mesmo ponto. Terminei na marra e bloqueei. Sei que li, mas não lembro de uma linha do livro.
"A Menina Que Roubava Livros" li somente ano passado, depois do filme ser lançado, mas só assisti depois de terminada a leitura. Como sempre, o livro é infinitas vezes superior. Mas o sentimento me acompanha. Aperto, estranheza, desassossego.
Ao assistir "O Menino do Pijama Listrado" fiquei enjoada, entalada. Queria chorar mas não consegui. Aquele final...
Isso para falar dos filmes lights, quase sessão da tarde. Os mais pesados não consigo mesmo.
Em "A Vida é Bela" chorei do início ao fim já imaginando o desfecho. Foi um filme muito criticado na época de seu lançamento, mas gostei: achei delicado, amoroso; incrível como naquele ambiente horrendo o pai conseguiu esconder do filho o que realmente se passava.
Terminei de ler "Depois de Auschwitz" há algumas semanas e nele a autora, Eva Schloss, rememora os anos passados no campo de concentração com sua mãe. Ambas sobreviveram, mas perderam o pai (marido) e irmão (filho). A família saiu da Áustria, foi para a Bélgica, depois para a Holanda, onde viveu escondida até ser capturada no dia do aniversário de 15 anos de Eva. E novamente aquele sentimento ruim...


Os documentários sobre o Holocausto multiplicaram por aqui  na época em que foi descoberta em São Paulo a ossada de Josef Mengele. Este ficou conhecido como "Anjo da Morte"; era médico e atuou nos campos de Auschwitz- Birkenau, onde as maiores atrocidades contra os povos judeu, cigano, afrodescendentes e homossexuais foram cometidas. Fez experiências abomináveis, como injetar tinta azul nos olhos de crianças, colocou pessoas em tanques de água gelada para ver quanto tempo elas aguentariam e por aí vai. Não vou discorrer sobre isso, tenho verdadeiro nojo dessa criatura.

Hitler e o Terceiro Reich conseguiram exterminar mais de 6 milhões de judeus durante a II Guerra Mundial e sim, o Holocausto foi o maior genocídio do século XX . Antes da Guerra efetivamente começar, os direitos dos judeus nos territórios anexados pela Alemanha já vinham sendo retirados. Foi um suplício sem precedentes para o povo judeu e os outros "não arianos". A  morte chegava pela câmara de gás, por exaustão, fome, frio, doenças ... Os sobreviventes ao serem libertados não tinham às vezes pra onde voltar, já que tinham sido privados de tudo; ficaram reduzidos a um número tatuado no antebraço. Mas perseveraram, refizeram a vida e são provas vivas do que a loucura do Homem é capaz.

Ainda existem pessoas que contestam a existência do Holocausto. O que dizer a elas?


Nem sei porque estou falando sobre isso hoje. Sei que esse assunto me aflige.
Não sou judia, sou neta de um judeu que terminou a vida fora da sua religião. Mas sou gente, como judeus, ciganos, negros, europeus, asiáticos. Acredito firmemente que cada pessoa tem o direito de professar sua fé, seja ela qual for; de comer carne ou não; de guardar os sábados; de usar quipá; de usar véus se assim desejarem; de venerar vacas como animais sagrados, desde que haja respeito.

Não gosto de pensar que pode haver um novo Holocausto; que já ocorreram novos extermínios em massa na Europa; que a África é um continente em que até outro dia negros e brancos não frequentavam as mesmas escolas e que ainda acontecem coisas por lá além da minha compreensão. Que ainda é travada uma Guerra Santa em nome de coisas que não estão escritas.
Que mulheres são desrespeitadas, tratadas como objeto, moeda de troca, escravizadas.
Que crianças ainda são queimadas vivas a troco de nada.


Não sou antropóloga, não sou socióloga, não viajei o mundo e nem li o bastante. Deve ter alguém pensando porque não falo da tragédia de Mariana, das crianças das carvoarias, do desmatamento da Amazônia. Também não sei, desculpem...
Só sei do que sinto; e o que sinto é muito.

Lela.

Desejando ...

Minha casa é um ambiente contaminado com o universo Disney. Antes já era e depois de julho deu uma pioradinha.
Confesso que o Magic Kingdon não foi meu parque preferido, como achei que seria... Cheiro de pipoca doce e turkey legs misturados, muito calor e, culpa nossa, nenhum roteiro. No final, ninguém aguentava mais andar. Por isso tenho que voltar. Organizada, com roteiro, com mais tempo. Com o dólar desse jeito sei que não vai ser tão cedo. Esperei quase 45 anos, acho que posso aguentar mais um pouco até a próxima vez.
Mas o assunto não é esse: é música e cinema.
São as músicas de cinema, principalmente as de desenhos ou de filmes para crianças. Porque se eu for começar a falar das músicas que amo que foram premiadas ao longo de mais de 80 anos de Oscar, fico até o ano que vem...
Over the Rainbow, tema de "O Mágico de Oz", ganhou o Oscar de melhor canção em 1940. Era uma das músicas preferidas do meu pai e uma das minhas preferidas também. Tenho no Ipod em 3 ou 4 versões diferentes, incluindo a original com Judy Garland, lógico. É de uma simplicidade tocante e a pergunta final , "Why can't I?", faz com que eu pense sempre e tente aplicá-la à vida. Por que eu não posso? Por que nós não podemos? Posso, sim. Podemos, sim.


Os desenhos da Disney têm trilhas sonoras incríveis, muitas delas já premiadas com o Oscar de melhor música e/ou de trilha sonora. Quase sempre elas trazem mensagens de alegria, otimismo, nos fazem acreditar que tudo vai dar certo no fim.
Cantam o fundo do mar, o ciclo da vida, as cores do vento, chaminés, mamãe acalentando seu bebê e tantas outras coisas. Em outros lugares, ou seja, fora de um filme da Disney, tudo isso poderia muito bem passar por pieguice. Mas não nessa máquina de fazer sonhar. Numa animação tudo é possível, cabe tudo e as coisas vão se ajeitar no fim, mesmo que seja depois de muito choro; depois de um aprendizado, onde geralmente alguém se dá mal.
De todas elas, existem duas que passam a mensagem que quando se deseja algo de coração, se empenha por isso e não desiste, seu desejo vai se realizar. Embora uma delas seja de princesa (Cinderella), não fala de amor e do famoso príncipe salvador da pátria, só de sonhos e desejos realizados. É chamada " A Dream is a Wish Your Heart Makes", bem significativo, né?


A outra é tão clássica! Ganhou o Oscar de Melhor Canção em 1941, foi cantada por Nat King Cole e virou uma marca registrada da Disney. Embora seja de um filme que me aterrorizou, Pinóquio, dá seu recado muito bem: "When You Wish Upon a Star".
Era só isso que estava na minha cabeça quando botei o pé no Magic Kingdon: "...everything your heart desires will come to you..." . O pensamento vai nessas músicas quando penso que algo é impossível. Ao longo dos anos vamos vendo que o impossível de verdade não existe; o improvável sim.


A vida é tão surpreendente; cheia de descaminhos, atalhos, recortes, rotas de fuga, distrações, mudanças de planos e de opiniões. Muitas vezes são tantos sonhos e desejos, que acaba sendo impossível realizar tudo numa rodada só. Daí a necessidade do supervisor da realização dos desejos priorizar algumas coisas e dar uma organizada prá nós.
Desejar o que quer que seja impulsiona a vida: desejar amar sempre; ter filhos com saúde, que passem de ano, que sejam felizes, que sejam correspondidos no amor, que tenham trabalho...Desejar dormir de mãos dadas por mais uns 18 anos...
Que tenhamos saúde prá "só mais um pouco", prá viajar, prá não infartar, prá correr com a vida e não dela; prá enfrentar as coisas, cometer erros, consertar os erros. Mudar de opinião, de casa, de cidade... Desejar um outro cachorro, desejar morar em uma casa.
Desejar uma vida melhor a todos: a quem queremos bem e até a quem não queremos tanto, só para que a Paz reine.
São tantos desejos! Enche um blog... Enche muitas vidas!
E isso tudo por causa de músicas de filmes de criança...

Make a wish...

Beijos,
Lela.

Leia também: Ecletismo na música
                       Que livros você lê?
                       Tumitinha, Palestina e outras confusões





quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Testes e definições

Quando perguntam qual é o seu estilo, vocês param pra pensar ou respondem qualquer coisa? E aqueles testes de personalidadeque estão nas revistas ou impregnando o Facebook, vocês fazem? Ah, podem parar, é lógico que pensam e é lógico que fazem! Se não fazem já fizeram; ou se fazem não contam, porque, de alguma forma, pode depor contra o "estilo", seja ele qual for.
Eu penso na resposta a essa pergunta. Penso tanto que ao invés de estar dormindo estou aqui pedindo apoio e consolo; e claro, mais uma vez, tentando descobrir qual é o meu estilo. E eu faço esses testes, acho que são divertidíssimos. Nem sempre divulgo, mas faço...

Sempre achei que era básica, da calcinha ao cabelo, mas descobri que básica é um pouco menos; então a primeira verdade caiu por terra. Poderia ser clássica, mas pensando bem, hoje em dia tem muita cor no meu armário. Muita!! Então, acho que não... Perua? Tem cor de menos... Fashion? Não. Fashion victim? Não... O que eu sou?? Qual é meu estilo?? Pistas, ajuda, teorias, por favor!!
Tenho roupas de mais de dez anos no armário, apenas um vestido longo de festa, casacos herdados.
Durmo com camisolas ou pijamas de malha e quanto maiores, melhores eles são. Adorava pijamas de tecido, mas não encontro mais pra comprar e, pra ser sincera, nem procuro.
Jeans!! Calças jeans!! Blusas jeans!! Tudo jeans!! Fui de uma época em que a mochila jeans da Cantão (que um dia já foi Cantão 4) era uniforme; e quanto mais velha, mais chique. Camisetas de malha da Hering, brancas, pretas, cinza. Camisas... Lenços coloridos e echarpes.
Calço usualmente sapatilhas, sandálias, mocassins e qualquer coisa que não me aperte e nem ameace gangrenar meus dedinhos, até mesmo Crocs; que são execrados mas têm seu valor, porque o que têm de feios, compensam com a delícia que é enfiar os pés neles e esquecer da vida. Uso salto porque sou mocinha, mas quanto menos, melhor. Já usei mais tênis do que atualmente uso; e gostaria muitíssimo de usar botas, mas minhas panturrilhas não deixam. Sempre amei espardilles e anabelas e são amores eternos. Tenho muitos sapatos, até esqueço de alguns. E bolsas!
Ah,as bolsas... Já respondi a alguém uma vez que tenho mais do que preciso e menos do que gostaria; e é a mais pura verdade. Adoro!! Mas quando tenho que dar, eu dou: roupa, sapato, bolsa. No armário, só entra quando sai. As roupas que não me servem mais não ficam no armário para que não me assombrem. Nem me torturem. O 42, e o 44 estão num passado tão distante, tanto de manequim como de idade .


Brincos. Não vivo sem, me sinto pelada sem eles; e olha que ganhei minhas orelhas furadas aos oito anos. De todos os tamanhos. Estou ficando bem permissiva comigo de novo e tenho aumentado tamanhos e mudado formas. Nada caro, tudo barato. Tive o desprazer de ser roubada dentro da minha casa e fiquei sem quase todos os meus brincos que eram joias. Então...
Mamãe adorava pulseiras e eu não. Hoje uso a minha Life pendurada de charms e amo! Gosto de contas, sementes, miçangas... Fiquei com todos os colares de Adelaidinha. Mas se me encontrarem na rua com tudo junto, chamem a ambulância porque devo estar surtada e o próximo passo será imprevisível...
Uso maquiagem, evidente. Mais para a pele ficar com cara de saudável. Para o batom, favor subirem umas linhas e atentarem aos brincos. Pois é: sem eles e pelada é quase a mesma coisa. De qualquer cor, mas não de qualquer marca. Filtro solar, porque não sou boba. Primer, corretivo e base em pó porque é prático. Rímel porque faz bem à sanidade de qualquer pessoa. Como assim, olhinho apagadinho?? Never!!
Gosto de preto, de azul, de vermelho, de verde, de marrom e suas nuances e até (quem diria!!) de rosa. Odeio amarelo em mim!! Sabe odiar com todas as forças, pois é. E olhem que doida, tenho um vestido amarelo e é o meu preferido... Gosto tanto dele que nunca tinha parado para pensar que ele é amarelo.
Minhas unhas são mais curtas do que gostaria que fossem e não tenho cor predileta de esmalte. Não sou fiel a perfume, sou fiel ao marido e está ótimo!!
Gostar do Mickey depõe contra o estilo? Cabelo meio vermelho, conta pontos prá ser perua? Ter tatuagem faz de mim uma pessoa pior?


E os testes de personalidade? Pausa para respirar...
Qual a capa de revista define você? Que animal você seria? Que vilão de novela? Que figura mitológica? O que deve conter no seu atestado médico? Hilários!! Um melhor que o outro.
Tem alguns que chegam a dar vergonha de fazer, quanto mais de postar o resultado.
Mas gosto deles, me divertem de verdade; e alguma verdade, nem que seja o branco do olho, eles devem captar. O último que fiz querendo saber qual seria minha mensagem para o mundo o resultado foi o seguinte: "Não exija tanto de você mesmo.". Super verdade e combina muito comigo, pelo menos com a pentelha que costumava ser e que ainda sou de quando em vez.

E a que tudo isso leva? Simplesmente a fazer com que euzinha pense que sou um caldeirão de coisas e todas elas têm um cantinho na minha alma. Que tudo isso, tantas diferenças, incongruências, altos e baixos fazem de mim esse ser único. Indivíduo ou invídua, como costumamos brincar. É tão bom quando a gente é só a gente, sem dar notícia do que vão achar; que o ridículo seja o que eu acho que é e não o que vão achar de mim. Que posso mudar meu jeito se eu quiser e o problema é somente meu. Que não existem verdades absolutas, visto meu vestido amarelo. Que não posso e nem consigo mudar quem sou por causa da forma que estou vestida, a menos que a mudança venha de dentro. Que usar esmalte preto não faz de mim uma bruxa sem coração; e que os Crocs aliviam sim os meus pés. Que rímel dá um up em qualquer rosto e que o filtro solar é um amigão do rosto e do resto. Que um dia vão inventar alguma coisa melhor que a dupla jeans e camiseta.

Sei muito bem quem sou, só não sei como vou estar vestida amanhã...

Beijos,
Lela.

Leia também: Coisas de Mocinha


domingo, 31 de janeiro de 2016

Arrumando a casa e encontrando coisas

Nessas férias tive a missão de, finalmente, começar a arrumar a Casa Azul. Acho que foi o maior momento desapego pelo qual já passei, mas não foi tão difícil como pensei que pudesse ser... Bom, pelo menos até aqui.
Muito papel, quinquilharia, terços partidos, santinhos quebrados, apostilas... Meias, pijamas, as tais coisinhas miúdas.
Lembranças dos pais, avós, dos filhos e dos netos. Quadrinhos com "Eu te amo, vovó" são vários. Cartões, cartas de despedida, fotos. Lenços. Lembranças de uma vida inteira ocupando uma casa de várias vidas.
Mas chegou a hora de mudar. Novos ares, novos donos, novas manias vão comandar essa casa e para isso vai ser necessária uma adaptação de todos. Vamos empregar o termo "Sob Nova Direção" bastante e aos poucos todos vão se acostumar com a ideia, inclusive meu irmão e eu.
Fui guiada por uns sentimentos: desocupar, arejar, desencalhar, rearrumar. Redecorar tudo que for possível no momento e de uma coisa tenho absoluta certeza, passado uns dias de trabalho: falta cor. É pastel. Acho que eu queria uma casa mexicana, de cores terrosas, fortes, daquelas que acordam todo mundo, mas por enquanto não vai ser possível. Então daqui há algum tempo vou apostar nos sofás reestofados e reformados e em mantas. Vai dar certo. Preciso só de tempo (e de dinheiro, evidente).
Mas nesses dias descobri não só coisas que foram da minha mãe. Um dos armários está lotado de gibis que são do Jayminho: X-Men, Demolidor, Visão, Homem Aranha... A criatura vai fazer um dinheirinho no Mercado Livre.
Achei meu caderno de redação, provas da época do colégio, minhas Fofoletes e as minhas sapatilhas. Minhas sapatilhas de ballet estavam guardadas há quase 30 anos com a mamãe. Estão um pouco desbotadas, mas a ponta está perfeita. Não resisti e calcei. Ana ficou eufórica; tenho a sensação que ela achava que não era verdade que eu pudesse ter um dia calçado sapatilhas. Subi na ponta e doeu. De verdade! Meu pé não aceitou aquele exercício inesperado, normal. Deu uma saudadinha gostosa.
Se o ballet não tivesse me ensinado nada de bom, o que definitivamente não é verdade, deixou lições valiosas, como andar ereta, sentar ereta e o que quer que aconteça, ficar ereta. A encolher a barriga e encaixar o bumbum...Ensinou a persistencia, a tentar muitas vezes, muitas e muitas.


O balé foi por anos, o que eu gostaria de ter feito na vida: dançar, voar, ficar na ponta... Vi Ana Botafogo dançar no Municipal dezenas de vezes e sempre ficava emocionada com a leveza daquela mulher. Sou muito fã e tenho autógrafo dela guardado.
Fiz uma limpa nos armários, dei uma primeira olhada e em outras coisas não consegui mexer. É lembrança demais para tempo de menos. Quando voltar, tem mais coisa pra mexer e, com certeza, mais lembranças para encontrar.
Mas estou pronta!
Podem vir!

Beijos,
Lela,

Leia também: Maria de Lourdes
                       Mãe
                       Casa
         


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Maria de Lourdes

Maria de Lourdes nasceu em 1905 numa família que ao todo era de 12 irmãos. Era filha do dono do cartório e de uma senhora que foi professora nesse pequeno distrito de Minas Gerais, São Sebastião da Estrela. Nasceu em casa, como era hábito na época.
Em setembro, dia 29. Dia de São Miguel.
Teve por padrinho o primogênito homem, orgulho da família por ter estudado e virado doutor; tinha verdadeira adoração por ele e pelo nome dele, que considerava lindo, Hordomundi (Isso lá é nome?? O corretor fica tentando corrigir isso e não consegue).
Era muito amiga do irmão imediatamente abaixo dela, Juvenal; e vivia entre tapas e tapas com a caçula, que dizem por aí, era a preferida da mãe e aprontava todas.A irmã mais velha e adorada era Júlia.
Mas eles era muitos: Hordomundi, Maria da Conceição (Cicinha), Sebastião (Tatão), Oraida, Colimério (olha o corretor tentando...), Julia, José, Antônio Carlos, Maria de Lourdes, Juvenal e Maria do Rosário. Um morreu bebezinho, mas era contado como irmão. Então era aquela toada dos mais velhos irem cuidando dos mais novos, assumindo responsabilidades. A diferença entre o primeiro e o último irmão era de mais de 20 anos.
Meninas desde cedo aprendiam as prendas do lar, a bordar, fazer crochê, costurar; e os meninos eram logo engajados em qualquer coisa que pudesse ajudar em casa, porque afinal de contas eram muitas bocas.
Pois bem, o tal do padrinho resolveu que Maria de Lourdes iria estudar numa boa escola; era doutor delegado numa cidade do Sul de Minas e levou a menina para estudar interna em Campanha, no Colégio Sion, local onde moças ricas e finas estudavam. E lá foi ela. Pegou o trem na estação de São Sebastião, depois o ramal e foi baldeando para uma nova e totalmente desconhecida vida, deixando para trás os pais, a amiga Rosa, as brincadeiras na Saudade, a casa, a dindinha Malvina e a irmã que era seu desafeto.
Naquele tempo filho não tinha vontade, criança obedecia e pronto. Mulher não tinha vontade, não tinha direito, não votava, às vezes nem escolhia marido. E numa família pobre, essa oportunidade foi uma dádiva.


Maria de Lourdes aprendeu francês, pintura, piano, além das coisas que iria precisar na pequena São Sebastião. Talvez tenha sido nessa viagem que ela aprendeu a ter coragem. Descobriu Papai Noel no colégio de freiras, vislumbrou uma possibilidade: voar.
Mas as asas foram cortadas. Ao terminar o colégio, recebeu proposta de ser tutora de uma moça de família rica, mas sua mãe não permitiu que ela aceitasse, disse que precisava dela em casa. E ela voltou. Era muito saber prá pouco lugar, mas quem disse que mãe era pra ser desobedecida. Muitos anos depois, alguns irmãos ainda falavam do "crime" do Padrinho: dar aquela educação, abrir um mundo de possibilidades, chegar a abrir a porta da gaiola e quando a passarinha ia voar, fechar de novo a portinhola. Mas é disso que é feita a vida, planos.


Maria de Lourdes voltou. Deu aulas, teve muitos alunos pelas bandas de lá. Amada por uns,por outros nem tanto. Ajudou a mãe, aprendeu o ofício do pai, já que nenhum filho homem ficou por lá. Viu vários sobrinhos nascerem, ajudou o quanto pode a irmã Julia e a cunhada que enviuvou do seu irmão-amigo Juju.
Ela que tinha ido, voltou e ficou. Dizem mesmo que era a filha preferida do pai e a menos preferida da mãe, que nunca se conformou da sua eleita (a caçula) não ter tido a mesma formação.
Casou com Manoel já mais velha, a mãe já havia morrido. Foram morar na casa, junto com o Seu João.Tempos depois veio a filha, mais uma Maria Adelaide para homenagear a mãe falecida, também nascida na mesma casa e no mesmo quarto. E foi a única, por motivos desconhecidos.
Manoel era nervoso e moralista. Havia saído de casa por causa de uma irmã "que se perdeu", havia sofrido uma derrocada nos negócios e na vida e acabou herdando o cartório quando do falecimento do Seu João, anos mais tarde e esse era seu ofício junto com a esposa.
A vida fez Maria de Lourdes ser forte, trabalhar, ajudar, apoiar, mas essa fortaleza foi traída mais uma vez, agora pelos pulmões: Tuberculose.
Tuberculose já havia matado Juju, e agora a levava para um sanatório, para longe da única filha, que foi entregue a parentes e nunca conseguiu superar as coisas que vivenciou enquanto a mãe esteve doente. Mas ela ficou curada.
Mais uma vez conseguiu e deu uma volta no destino. E voltou.
Maria Adelaide ficou, mas com um outro tio, Tatão, sua mulher (a terceira) e com Fernando, um priminho danadinho que cismava que ela se chamava Ié Ié.
Um dia ela enviuvou. 1963. Reviravoltas da vida levaram de vez Maria de Lourdes para longe de São Sebastião, agora Estrela Dalva. Sem o cartório, sem pensão do marido que não chegou a ser aposentado, ela mais uma vez saiu. O destino dessa vez: Rio de Janeiro.
Eram as duas agora no apartamento alugado no Engenho de Dentro: a mãe e a filha; pela primeira vez em muito tempo.
Daí para outro apartamento, próprio. Depois para São Paulo, quando Maria Adelaide casou;BH, onde viveram por um ano; e de volta ao Rio com dois netos.
A filha trabalhava,o genro trabalhava e ela ajudava com as crianças. Era muito rígida, muitas vezes rude, como devem ter sido com ela. Mas tinha a responsabilidade de cuidar de filhos que não eram dela; de seguir regras que não foram feitas por ela; num mundo novo, mudado, diferente. Reclamou muitas vezes não ter carta branca para agir como deveria e botar os meninos na linha...Tinha um gênio do Cão.


Tinha adoração pelo neto. Sempre viveu num ambiente masculino, em que teve que se impor e numa época em que mulheres não se impunham. Reclamava que a menina era lerda. Botava prá estudar, levava em natação, balé, inglês;ia às reuniões da escola, esperava o ônibus escolar com os meninos.
Um dia, com os meninos mais crescidinhos, a filha aposentou e assumiu essas responsabilidades. Então ela aposentou também: despiu a capa de tutora e botou a roupa de avó, coisa que fazia apenas de vez em quando durante as férias.
Aí ficou bom para todos os envolvidos: Maria de Lourdes fazia um feijão como ninguém, uma goiabada!! Dava cantinho para a neta, que revelou que não era tão lerda assim e tinha saído a ela em muitas coisas, no gênio bom principalmente. Escovava os cabelos dela como nunca mais ninguém conseguiu fazer, trançava, pegava do pescoço para cima com uma delicadeza, deixava que ela pintasse suas unhas, sentasse no seu colo. Contava histórias divertidas do tempo da escola, do cartório, do Sion, da casa.
Na casa, desde sempre, quando não precisava cuidar da tabuada ou dos coletivos, brincava de circo com as crianças debaixo da parreira: era a Mágica, a pipoqueira e a platéia. Em julho fazia fogueira, enfeitava o quintal com bandeirinhas, contratava um sanfoneiro e convidava os amiguinhos para soltar umas bombinhas de São João. Parava charretes ou carros de boi e pedia se podia levar os netos "só até ali". Tricotava gorros para todos. Botava uma mesa de lanche como ninguém.
No final das contas, com os netos criados, virou um docinho de avó, daquelas que os olhinhos brilhavam quando o rapazinho chegava para o final de semana ou quando a neta chegava do hospital depois de uma noite inteira. Quando eles saíam, ela ia pra janela do 12º andar para esperar que eles virassem e abanassem a mão. E lá ficava ela rezando o Salmo 90 e pedindo por eles.
Foi uma mulher de fibra, essa Maria, como tantas. Mas essa foi especial.


Foi essa quem nos ensinou também a andar de cabeça erguida, para frente; que orgulho e altivez são coisas completamente diferentes, mas que podem ser confundidas facilmente; que o caminho realmente não é fácil, mas dá pra ir; que canto de vó é a melhor coisa do mundo; que ficar de castigo atrás da porta não mata e que pode até ser divertido; que sacrifício por quem a gente quer bem não é tanto sacrifício assim. Que coração é terra que ninguém pisa; que dá prá ser dura e ser leve.
Ensinou que apesar de tudo, a vida vale a pena, que não dá prá fugir de problemas, mas sim olhar dentro dos olhos deles e pensar " estou pronta".
Era porreta essa Maria de Lourdes.
Tenho saudades dela, mas ela está dentro de mim e é parte de mim. Somos parecidas em muita coisa, para o bem e para o mal.
E tenho muita alegria de poder ter convivido com essa avó maravilhosa!

Beijos,
Lela.


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                       1 ano!!
                     
     







segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Rotulando o meu Depósito

Hoje alguém me perguntou sobre o que costumo escrever, se era um blog sobre Medicina. A resposta veio rápida: "Lógico que não!" . Não me julgo capaz de escrever seriamente sobre o meu trabalho. Aí esse espaço que é tão importante em minha vida deixaria de ser ilusão, brincadeira, desabafo e viraria obrigação. Não, não... Nunca foi esse meu objetivo.
Depois desse pequeno diálogo fiquei pensando que nunca soube responder a essa pergunta. Sobre o que falo? Para quem falo? As respostas vieram transbordando, escapulindo da minha cabeça e vieram bater bem aqui. No blog, com esperança de que ,talvez, alguém possa me esclarecer.
Falo da minha vida, das minhas observações e opiniões, dos meus gostos, dos meus olhares, das minhas dores, do meu silêncio...É  essencialmente um blog egoísta, é minha terapia. 
É de moda? Só se fosse para reclamar da pesudo moda que fazem para as pessoas plus size, a maioria ridícula; e como viro escrava dos lugares que possuem roupa pra mim... Então não é.
É de maquiagem? Embora adore, e com certeza faria minha filhota muito feliz, também não... Não tenho tempo, dinheiro e muitas vezes disposição. Mas um conselho aprendido e executado como a rotina de escovar os dentes, posso dar: rosto lavado com sabonete para pele oleosa e filtro solar. Rosto lavado à noite, maquiagem retirada e pronto.
Pausa para a piadinha: Há uns dois anos, fiz uma consulta com uma dermato- amiga ou amiga- dermato. Perguntinhas de sempre: lava o rosto? Sim. Usa filtro solar? Sim. Quando começou a prevenção anti rugas? Gelei...Oi?? Tinha que prevenir, Carol? É Gabi, tinha... A partir dos 25 anos. Ops, então fud..., quer dizer ferrou. Estou quase 20 anos atrasada. Confesso que usei religiosamente o troço por um tempo, mas é tão caro que ando preferindo ficar enrugada.


Voltando...
Não é sobre celebridades, spoilers de filmes, tutoriais para passar de fase no Candy Crush... Nada disso. Falo sobre a vida, a minha. Dos meus filhos, da minha normalidade, das minhas aflições, minhas manias. Então deve ser uma coisa muito sem graça, banal.
Já tinha pensado uma vez que deveria mudar o nome desse blog para "Banalidades da Lela". Mas eu gosto do "Depósito"... Apeguei. Meus amiguinhos e incentivadores gostam.
Mamãe nunca leu, acreditam? Isso me chateava bastante, queria que ela tivesse lido alguma coisa e criticasse, mas acho que ela não sabia o que era e não se interessou porque era no computador. Vou ter que conviver com a frustração/ curiosidade de saber a opinião dela. Não sei com que frequencia meu irmão lê. Tenho elogios de pessoas que são importantes na minha vida. Mário gosta, mas hoje em dia não comenta comigo e nem dá seu veredito. Meus meninos não falam nada, só costumam ficar do lado lendo os rascunhos e perguntando o significado de algumas palavras.
Jamais falaria sobre política e economia. Entendedores entenderão... (rsrsrs)
Não faria um blog sobre Pediatria. Não aguento quem lê o Dr. Google e acha que tem um diploma na mão; não suporto mães reclamando de pronto atendimento lotado e que leva o filho até lá porque está com febre há menos de 12 horas e nem sequer mediu a temperatura do pobrezinho; quem diz que virose é pra quando o médico não sabe o que a criança tem; ou que já chega pedindo RX e receita de antibiótico para tosse. Seria um desastre completo esse blog! Eu seria queimada em praça pública e, sinceramente, não quero não.
Não sou ferrenha defensora do parto normal. Sou defensora da responsabilidade do médico com as vidas que estão ali: mãe e filho. O que for melhor para os dois. Sem interferências externas como as da política, estatística e para ficar bem na fita. O que fazem hoje com as mães que parem (sim, o verbo é PARIR, 3º conjugação) através de cesariana é desumano e desrespeitoso. É bullying, preconceito... É feio.
Tive duas cesáreas e não sou menos mãe porque não entrei e fiquei em trabalho de parto por horas (até entrei, né Teca?) e ai de quem ouse dizer isso na minha frente! Esperei pelo parto normal do Miguel, mas com uma pressão arterial 190/ 120, a decisão deixou de ser minha. " Vai internar agora, viu doutora? Vamos fazer agora! " O que eu podia dizer, que não tinha feito escova no cabelo? " Sim senhora, doutora, vamos". O que eu poderia fazer com a Ana que adiantou 2 dias e me fez entrar em trabalho de parto de madrugada, já com a cesárea marcada. "Nasce agora não, filha...A vovó só chega hoje de noite e a mamãe não depilou nem fez as unhas?" Nasceram ótimos, saudáveis, chorões e maravilhosos, como são até hoje.
Então, meu blog é sobre banalidades; sobre uma vida comum; sobre erros e acertos; sobre amor de mãe, de mulher, de filha, de irmã, de amiga e de profissional.
E só.

Beijos,
Lela

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